Cinco distopias adolescentes do cinema atual

A onda de filmes adolescentes do cinema atual banha-se nas distopias. Não vale esperar por personagens complexas como Alex DeLarge ou Winston Smith, muito menos universos arrebatadores e fechamentos mais amargos que suas aberturas.

Todos bebem na fonte de 1984, de Orwell – alguns mais, outros menos. E todos terminam ora ou outra inclinados à infantilidade, com personagens certinhas, sempre emocionadas e às vezes choronas, que não raro fazem bocejar.

maze runner

Quase sempre levam a pensar que adolescentes são cansativos e causam enjoo. Por outro lado, há bons atores em papeis coadjuvantes, como Patricia Clarkson, Philip Seymour Hoffman, Donald Sutherland e Kate Winslet. A linha de frente é dos jovens inspiradores, com o romantismo bobo que, ao que parece, está longe de morrer.

Jogos Vorazes

A série adolescente mais famosa da atualidade tem uma boa atriz à frente, Jennifer Lawrence, e filmes que ficam entre o banal e o interessante. A primeira parte, de 2012, é infantil e não consegue reproduzir com emoção um futuro perigoso em que jovens são levados a jogos e nos quais a regra é sobreviver. Sempre correta, a heroína Katniss Everdeen precisa vencer a disputa para seguir viva e inspirar os oprimidos.

A segunda parte é a melhor das três já lançadas (a quarta e última chega aos cinemas em novembro de 2015). Com o subtítulo Em Chamas, o diretor Gary Ross dá vez a Francis Lawrence, que consegue introduzir mais densidade. De novo, Katniss é lançada a um novo jogo, dessa vez para duelar com antigos vencedores. A terceira parte, A Esperança – Parte 1, é também dirigida por Lawrence e volta ao início: outro fracasso.

jogos vorazes

Divergente

Tenta seguir o caminho de Jogos Vorazes e nem sempre consegue. Como Jennifer Lawrence, Shailene Woodley não coloca tudo a perder. Os outros atores não ajudam muito e nem mesmo a presença de Kate Winslet e Miles Teller melhora a situação. Na trama, o mundo está dividido em guetos, cada um a abrigar pessoas com diferentes qualidades. O problema é que a protagonista, Tris, é divergente, podendo acumular mais de uma característica e, não poderia ser diferente, ameaça a ditadura futurista.

Após conseguir fugir, ela tem de enfrentar novamente a bela vilã (Winslet) na segunda parte, Insurgente, além de viver com o dilema relacionado ao irmão (Ansel Elgort), que, a certa altura, passa para o lado errado da batalha. Sob a direção de Robert Schwentke, a série ganha mais pulsão, ainda que termine desagradável.

(L-R) SHAILENE WOODLEY and THEO JAMES star in DIVERGENT FILM STILL

O Doador de Memórias

Retorna a ideia da “comunidade perfeita”, também a situação do garoto (Brenton Thwaites) que tem um “clique” a mais: ele descobre que o preço da vida perfeita é a ausência de emoções, de dualidades. Ou seja, tudo o que caracteriza os seres humanos. Ganha a liberdade de pensamento de seu “pai espiritual” (Jeff Bridges), enquanto tem de fugir da megera ditadora (Meryl Streep).

doador de memórias

Maze Runner

Ainda que o desenvolvimento seja sofrível, o elenco beire o ridículo e a direção quase sempre pareça amadora, a premissa é interessante. Garotos inexplicavelmente são presos ao centro de um labirinto. A chegada de Thomas (Dylan O’Brien) começa a mudar essa realidade: talvez ele tenha algum segredo – alguma ousadia, também – capaz de levar os meninos para fora dessa prisão. Videogame alucinado e sem vida.

O encerramento da primeira parte aponta à segunda, Prova de Fogo, com os jovens seguindo a um novo desafio. Após lidarem com o “labirinto” da adolescência, em situação que os obrigava a encarar a morte, eles terminam encontrando os adultos – em um mundo distante do paraíso esperado. Se o primeiro está longe de grande coisa, o segundo distancia-se ainda mais: alimenta-se de um roteiro preguiçoso e, para inchar sequências de ação, insere zumbis.

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Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível

Entre as distopias recentes, o filme de Brad Bird tem o visual mais belo. Inclui uma garota inteligente (Britt Robertson) que descobre a passagem para outro universo, mundo de sonhos ao qual apenas alguns jovens inventores são convidados a conhecer. Ela acompanha um cientista frustrado (George Clooney) enquanto é perseguida por robôs engravatados. A obra de Bird é uma mistura de O Mágico de Oz com Matrix e tem Hugh Laurie como o vilão nada amedrontador.

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5 comentários sobre “Cinco distopias adolescentes do cinema atual

      1. Porque não empolga, não tem pulso, porque os adolescentes são sempre o que parecem ser, sem conflitos. O primeiro Maze não chega a ser ruim. O segundo é bem ruim.

      2. Quanto ao segundo não posso falar, ainda não vi. Tenho que concordar nesses aspetos, sim, mas achei que o realizador tinha uma queda para enquadramentos sugestivos que alimentavam toda a grandiosidade do primeiro filme, a única coisa a criar tensão dramática

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