Desde seu primeiro longa-metragem, Acossado, Jean-Luc Godard busca a experimentação. Casa imagem direta, realista, às referências do cinema anterior, à importância da revisão. Faz filmes livres e não menos críticos.
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Aos poucos, caminha à desconstrução da linguagem clássica e revela cada vez mais seus meios. A primeira imagem de O Desprezo reproduz o movimento de outra câmera, que se aproxima e se volta ao espectador. Ao mesmo tempo projeção e reflexo.
Dos filmes íntimos à nouvelle vague, como Uma Mulher é Uma Mulher e Uma Mulher Casada, passa a obras mais radicais, como Tudo Vai Bem e Eu Vos Saúdo, Maria. Fica mais politizado e, mais tarde, à beira do incompreensível em Elogio ao Amor e no recente Adeus à Linguagem.
10) Filme Socialismo (2010)
Divide-se entre um navio como microcosmo do mundo, com seus viajantes-turistas anestesiados pela diversão, e uma família que recebe a invasão de duas jornalistas. Godard em seus dias mais radicais.
9) Salve-se Quem Puder – A Vida (1980)
Uma mulher em crise no relacionamento procura apartamento e esbarra em uma prostituta que deseja se libertar do cafetão autoritário. Essa é apenas uma das linhas para definir esse grande filme.
8) Paixão (1982)
Um cineasta polonês mantém um relacionamento com uma operária enquanto realiza um filme de estúdio, enquanto o cinema se traduz em dinheiro e trabalho, também (e talvez) uma paixão.
7) Tudo Vai Bem (1972)
Casal acompanha a rotina de fábrica em greve, entre o patrão e seus funcionários revoltados. Perto do fim, Godard faz um grande e famoso plano-sequência no interior de um supermercado. Originalíssimo.
6) Alphaville (1965)
Com o habitual diretor de fotografia Raoul Coutard, o cineasta francês transforma presente em futuro nessa ficção científica existencial com toques de cinema noir, abordando a morte da linguagem.
5) Week-End à Francesa (1967)
O casal encontra um mundo em pedaços. Godard investe na destruição em nome da poesia. Tem outro famoso plano-sequência, na estrada, com veículos em fila. Ao fim, os revolucionários terminam em canibalismo.
4) O Demônio das Onze Horas (1965)
Também inclui um casal em fuga – sabe-se lá para onde – e termina em destruição. Escala o rosto de Belmondo, pintado, preso entre bombas, para celebrar o absurdo. Sua explosão, sua libertação. O fim.
3) Acossado (1960)
O primeiro longa-metragem do diretor é ainda o mais famoso, o início de sua revolução na linguagem. O bandido de Belmondo mata um policial, rouba um carro e termina na companhia da Patricia de Jean Seberg.
2) O Desprezo (1963)
É sobre o que vem depois do amor. Casal que não se ama mais envolve-se com o mundo do cinema, entre cenários aos pedaços e um paraíso para filmar Odisseia. Baseado no livro de Alberto Moravia.
1) Viver a Vida (1962)
Como a Joana D’Arc de Dreyer, a protagonista de Godard (Anna Karina) é julgada e perseguida pelos homens nesse filme fantástico, episódico, sobre o cotidiano de uma garota transformada em prostituta.
Veja também:
Imagem e Palavra, de Jean-Luc Godard
Maravilhosa essa lista! Ainda não assisti todos esses, mas meus preferidos estão aí. São filmes para serem reassistidos, né? Todos tem muitas camadas e a cada vez que assistimos parece surgir algo novo.
Com certeza! Filmes para serem degustados com calma. Obrigado pelas palavras, volte sempre!
Todos os filmes citados são grandes. Mas senti falta daquele que, para mim, é o melhor Godard, embora não muito citado: “Duas ou três coisas que sei dela”.
Gosto bastante. Poderia estar sim. É que escolher só dez é um desafio. Abraços!