Alguns filmes têm tantas sequências poderosas que é difícil eleger cinco. Caso de A Marca da Maldade. Abaixo, cinco momentos vivos na memória de qualquer cinéfilo mostram o brilho da obra, com diálogos cortantes, movimentos de câmera perfeitos e o clima meticulosamente construído pelo diretor Orson Welles.
A obra aborda a corrupção policial na fronteira entre México e Estados Unidos, onde o honesto Vargas (Charlton Heston) confronta o calejado Quinlan (Welles), que fez escola com sua forma de agir. Às sequências.
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1) “Eu tenho um ‘tic-tac’ em minha cabeça”
Durante o inesquecível plano inicial, a garota no carro, na passagem do México para os Estados Unidos, diz ouvir o “tic-tac” da bomba no porta-malas. As autoridades e o motorista – provável amante – não lhe dão ouvidos. Segundos depois, a bomba explode.
2) As dinamites na caixa
Quinlan precisa fazer valer sua “lei”. Antes de plantar dinamites como provas falsas em uma caixa, o mesmo objeto seria visto por Vargas, que pôde conferir que não havia qualquer dinamite em seu interior. É o início do embate entre os policiais.
3) A curra
Talvez o momento mais perturbador, quando a mulher de Vargas, Susan (Janet Leigh), é abusada no quarto do motel – com a passagem de Mercedes McCambridge entre jovens de gel no cabelo e jaqueta, os delinquentes, com a revelação de que deseja ver tudo.
4) O futuro de Quinlan
Pouco antes do fim, Quinlan ainda tem tempo para o último encontro com a cigana interpretada por Marlene Dietrich. Tem-se talvez o diálogo mais duro: ao pedir pela previsão de seu futuro, Quinlan ouve que não o tem. “Você já gastou o seu futuro.”
5) A ironia final sobre a bomba
A revelação de quem teria plantado a bomba, na abertura de A Marca da Maldade, não é o mais importante. A obra de Welles é sobre o conflito entre policiais. Ao fim, contudo, vem a revelação de que o autor da explosão é justamente quem não se pensava: o homem que Quinlan acusou. Gigante ironia para fechar essa obra-prima.
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