Alguns filmes da lista abaixo não deixam ver o limite entre cinema e teatro. Talvez uma arte deva tanto à outra que o melhor é se adaptar à confusão. Essa mescla deixa sempre certa riqueza: os atores podem estar vivendo ou interpretando. Nem sempre se sabe. E, seja qual for o caso, fazem cinema de qualidade.
Em seus primeiros passos, a sétima arte foi acusada de ser “teatro filmado”. Por isso, acusada de “arte menor”. A história e as experiências com a câmera provaram o contrário: o cinema tinha vida e forma próprias. Ainda assim, não deixou de retornar ao palco, seja como espaço ao drama das personagens ou fusão entre artes. Abaixo, o cinema encontra o teatro para evocar obras inesquecíveis, de grandes diretores.
Crisântemos Tardios, de Kenji Mizoguchi
O drama de um filho que deixa a casa, o pai, para viver como artista na estrada, para mais tarde provar seu talento, e talvez receber sua aguardada ovação.
Ser ou Não Ser, de Ernst Lubitsch
Na Polônia à beira da Segunda Guerra Mundial, uma trupe de atores prepara a encenação de Hamlet e tenta sobreviver ao totalitarismo de Hitler – à base da comédia.
O Boulevard do Crime, de Marcel Carné
Ninguém esquece as personagens, seus laços, suas voltas e o tempo a persegui-las: a amada Garance, o mímico Baptiste, o inconfiável Frédérick Lemaître.
A Carruagem de Ouro, de Jean Renoir
Em uma América Latina ainda sob o domínio espanhol, uma trupe de teatro prepara sua apresentação. Em cena, na vida e no palco, está a explosiva Anna Magnani.
Dá-Me um Beijo, de George Sidney
Curiosa e original mescla de cinema e teatro, com toques tipicamente hollywoodianos, a partir de uma adaptação de A Megera Domada, de William Shakespeare.
Paris Nos Pertence, de Jacques Rivette
A jovem protagonista é tomada por questionamentos após seu vizinho de apartamento, um espanhol, suicidar-se. Ao mesmo tempo, ela envolve-se com um grupo de atores.
A Viagem dos Comediantes, de Theodoros Angelopoulos
Parte da história grega é contada na viagem de uma trupe de atores por pequenas cidades, entre guerras, bandeiras, crueldade. Pelos cantos, a arte (quase) incólume.
O Fiel Camareiro, de Peter Yates
Albert Finney e Tom Courtney estão memoráveis nesse drama de bastidores, sobre a relação de um grande ator à beira da morte com seu fiel assistente.
O Meu Caso, de Manoel de Oliveira
Começa quase como teatro filmado e depois migra para o cinema – mas sem esquecer o palco. Essa experiência radical questiona o espectador sobre o caso de todos: a arte.
Jesus de Montreal, de Denys Arcand
Após sofrer um acidente em uma apresentação de A Paixão de Cristo, um ator passa a acreditar que é o próprio filho de Deus. Ao fim, consegue fazer seu “milagre”.
Tio Vanya em Nova York, de Louis Malle
A partir de uma adaptação da consagrada obra de Anton Chekhov, Malle, com um texto de David Mamet, questiona o que é realidade e representação.
Vocês Ainda Não Viram Nada!, de Alain Resnais
Após a morte, um famoso dramaturgo convida os amigos atores para assistir à gravação de uma peça em que todos trabalharam, dessa vez encenada por atores mais jovens.
César Deve Morrer, de Paolo Taviani e Vittorio Taviani
Verdadeiros presidiários montam uma versão de Júlio César, de Shakespeare, tanto no palco quanto nos espaços da cadeia. A partir da experiência, questionam a própria vida.
Republicou isso em Blog do Rogerinho.
Boa lista, mas e A Malvada?
Faltam muitos filmes. Fiz a lista faz tempo. Sorry.