A língua do universo é a compreensão. E o universo existe, somos nós e o mundo integrados em todo o espaço cósmico. Do mesmo modo como o universo se concentra num átomo. Até penso que se não fosse assim, a bomba atômica não teria explodido em Hiroshima. Tudo isso é, para mim, extraordinariamente complexo, e para expor todo esse enigma de modo artístico, em filme, só recuando a Georges Méliès e a Júlio Verne. Será mais fácil reduzir a coisa ao átomo. Nem juntas as obras de todos os artistas de cinema e de todas as outras artes seriam capazes de dar uma ideia precisa da complexidade do universo.
Manoel de Oliveira, em entrevista a Leon Cakoff, no livro Manoel de Oliveira (Cosac Naify). E, abaixo, um pequeno trecho de Poema Cinematográfico, escrito pelo diretor português em 1986 e publicado no mesmo livro.
O cinema não é fácil.
Porque a vida é complexa
e a arte indefinível,
indefinível será a vida
e a arte complicada.
Atuou em um filme mudo.
Dirigiu filmes preto e branco e coloridos,sendo este último a maioria.
Trabalhou em filmes até o fim de sua vida.
Morreu aos 106.
Um cineasta que aproveitou a vida e seu trabalho.
E que ainda precisa ser descoberto por muita gente aqui no Brasil. Abraços!