A guerra é o principal tema dos filmes de Samuel Fuller. Considerado um marginal em meio ao sistema de estúdios, às vezes trabalhando com atores desconhecidos e orçamentos limitados, o diretor soube como poucos explorar o poder da linguagem cinematográfica.
Seu primeiro filme sobre a guerra é o poderoso Capacete de Aço, passado na Guerra da Coreia. Depois vieram Baionetas Caladas, Os Mortos Caminham e, claro, Agonia e Glória (foto abaixo), no qual o próprio diretor aparece em cena, como ele mesmo. Abaixo, uma rápida lista de autoria do próprio Fuller, com seus seis mandamentos básicos para filmes do tipo. (Foi publicada na revista francesa Présence du Cinema, na edição de dezembro de 1963 e janeiro de 1964. A tradução é de Bruno Andrade e a versão em português foi publicada em Foco – Revista de Cinema.)
1) Nunca cesse o combate quando alguém é atingido. Se um homem cai, continue. O que se pode fazer?
2) Nunca permita que um G.I. moribundo tire sua carteira para olhar a foto de sua noiva. Isso nunca se passa desta forma.
3) Que vossos soldados estejam sujos, cansados e barbudos. Quando se está no front, não se faz a barba.
4) Não coloque meninas nos filmes de guerra. Nada de mulheres vistas em flashbacks, aguardando em casa o regresso de seus homens. Se você é incapaz de dizer que tipo de pessoa é o seu personagem, sem mostrar como ele é na sua casa, tire ele do script.
5) Não deixe que os atores exagerem. 80% dos atores nos filmes de guerra são canastrões. Eles não querem ser soldados, eles só querem desfilar.
6) Faça com que seus atores passem por um período de treinamento como recrutas e nada de mimos.