Os ganhadores do Oscar dos anos 1960 apontam mais ao futuro que ao passado: há a comédia ácida de Billy Wilder (Se Meu Apartamento Falasse), o musical com traços modernos (Amor, Sublime Amor) e duas obras que confirman as transformações (No Calor da Noite e Perdidos Na Noite).

Com os indicados não foi diferente: os filmes já mostravam as tendências da Nova Hollywood, tal como o mundo dividido, sem o “jeito família” de antes. Personagens erráticas, em longas que traziam uma nova geração de cineastas contra outra, quase sepultada.

RECEBA NOSSAS ATUALIZAÇÕES: Facebook e Telegram

10) A Primeira Noite de um Homem, de Mike Nichols (1967)

Ainda que hoje pareça datado, o filme de Nichols fez barulho e ganhou muitos prêmios na época de seu lançamento. O cinema americano encarava outros temas. Nasce aqui um astro: Dustin Hoffman.

Ganhador de melhor filme naquela edição: No Calor da Noite

9) O Sol é para Todos, de Robert Mulligan (1962)

Atticus Finch virou sinônimo de honestidade, de luta pelos direitos dos negros contra a América branca e reacionária. Claro que há muitos mitos em cena. No entanto, não é deles que o cinema alimenta-se?

Ganhador de melhor filme naquela edição: Lawrence da Arábia

8) Julgamento em Nuremberg, de Stanley Kramer (1961)

Uma penca de atores famosos, alguns em coadjuvantes, para dar corpo e visual a esse texto forte sobre o julgamento de juízes partidários do nazismo em Nuremberg. Bons duelos verbais na arena do tribunal.

Ganhador de melhor filme naquela edição: Amor, Sublime Amor

7) Quem tem Medo de Virginia Woolf?, de Mike Nichols (1966)

As discussões infinitas entre Elizabeth Taylor e Richard Burton correm noite adentro e fazem parte de um jogo perverso: eles alimentam ódio e amor em mesma dose, nesse filme poderoso (mais um) de Nichols.

Ganhador de melhor filme naquela edição: O Homem que Não Vendeu sua Alma

6) Doutor Jivago, de David Lean (1965)

Após outros grandes épicos, Lean entrega o papel de Jivago a Omar Sharif, cujo olhar perdido, em meio à guerra e à neve, não cai no esquecimento. O Tema de Lara marcou toda uma geração. Belo, longo, para ver sempre.

Ganhador de melhor filme naquela edição: A Noviça Rebelde

5) Z, de Constantin Costa-Gavras (1969)

Com seu thriller político veloz, Costa-Gavras marca presença entre os cineastas contestadores de seu tempo. Depois viriam obras como A Confissão e Estado de Sítio. Aqui, os inimigos fazem um assassinato parecer acidente.

Ganhador de melhor filme naquela edição: Perdidos na Noite

4) Desafio à Corrupção, de Robert Rossen (1961)

Como Fast Eddie Felson, Paul Newman tem a personagem de sua vida, homem cheio de tropeços que tenta dar a volta por cima ao enfrentar Minnesota Fats (Jackie Gleason), além de se agarrar a um caso de amor.

Ganhador de melhor filme naquela edição: Amor, Sublime Amor

3) Dr. Fantástico, de Stanley Kubrick (1964)

A comédia de Kubrick é a melhor crítica à Guerra Fria no cinema, com um caipira sobre uma bomba, um presidente sem ação em sua sala de guerra e um general enlouquecido que decide apertar o “botão vermelho”.

Ganhador de melhor filme naquela edição: Minha Bela Dama

2) Terra de um Sonho Distante, de Elia Kazan (1963)

A certa altura da carreira, Kazan decidiu contar a história de sua família, dos velhos laços, e mostrou a jornada de um rapaz grego rumo à América. Em preto e branco, a jornada sobre o sonho com a terra prometida.

Ganhador de melhor filme naquela edição: As Aventuras de Tom Jones

1) Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas, de Arthur Penn (1967)

É chegada a hora de torcer pelos bandidos, parece dizer Penn, em sua balada sobre uma nação ao contrário. A história inesquecível de dois amantes pelas estradas empoeiradas, nos tempos da Depressão.

Ganhador de melhor filme naquela edição: No Calor da Noite

AUTOR: Rafael Amaral, crítico e jornalista

Veja também:
A Mulher que Soube Amar, de George Stevens