Fazer listas é sempre uma dificuldade. Ver todos os filmes que estrearam no Brasil, em 2014, ainda mais. Ou simplesmente impossível. Fontes indicam que estrearam mais de 300 filmes, quase sete por semana. Claro que alguns são descartáveis, e outros sumiram tão rápido quanto chegaram. O fato é que, para ver um número relevante deles, é necessário peregrinar, escolher bem. No fim, valeu a pena.
Difícil, também, é chegar a 20 e perceber que muitos filmes ficaram para trás. Vale lembrar alguns: Jersey Boys: Em Busca da Música, Dias de Pesca, A Imagem que Falta, Uma Família em Tóquio, Amar, Beber e Cantar, Uma Relação Delicada, entre outros. Em todo caso, prevaleceu a sétima arte. E que venha 2015!
20) O Congresso Futurista, de Ari Folman
O futuro do cinema como nunca antes se viu, pelo diretor de Valsa com Bashir. Mescla atores à animação e o resultado é poderoso.
19) Oslo, 31 de Agosto, de Joachim Trier
Caminhada difícil, cheia de reflexão, de desejo de desistir ou mesmo de aceitar ser o que é, sem máscaras. O protagonista aceita tudo isso. E encontra seu alívio.
18) Garota Exemplar, de David Fincher
Mais do que o conflito entre homem e mulher, é sobre a sociedade de aparências, sobre o culto à menina desejável, à esposa perfeita.
17) Bem-Vindo a Nova York, de Abel Ferrara
Ferrara gosta de incomodar. A história, claro, remete ao caso Strauss-Kahn. Em cena, Depardieu está à vontade: sem roupa, um verdadeiro animal em ternos caros.
16) Ela, de Spike Jonze
Apesar do futuro, das estranhezas, não deixa de ser sobre gente comum, como se Theodore fosse não o futuro de todos, mas o presente próximo.
15) Saint Laurent, de Bertrand Bonello
Não é sobre a vida do famoso estilista, do nascimento à morte. É sobre exageros, com uma das cenas insuportáveis do ano, quando um cão morre após ingerir remédios.
14) Vidas ao Vento, de Hayao Miyazaki
Ao abordar os males do progresso, Miyazaki revisita o difícil período do Japão durante a guerra – além dos amores prováveis e do desejo em sobreviver à natureza.
13) Relatos Selvagens, de Damián Szifrón
A acidez do roteiro, com personagens que quase não se importam em parecer selvagens, deu vez a um dos filmes mais divertidos dos últimos anos.
12) O Gebo e a Sombra, de Manoel de Oliveira
A câmera não se movimenta em mais um incrível trabalho do centenário Oliveira. Em cena, as opções contrárias de pai e filho, mundos que se confrontam.
11) Sob a Pele, de Jonathan Glazer
A humanidade e seus vícios, suas besteiras e animalidades pelos olhos de uma alienígena. Aqui, Scarlett Johansson tem talvez a melhor interpretação de sua carreira.
10) O Abutre, de Dan Gilroy
Com características de Kirk Douglas em A Montanha dos Sete Abutres, Jake Gyllenhaal é capaz de tudo para conseguir suas imagens: mover corpos, esconder evidências, matar.
9) O Lobo Atrás da Porta, de Fernando Coimbra
Nesse filme de periferia, de “gente comum”, nada é o que parece. O pai desesperado talvez seja um lobo, a megera talvez seja uma vítima. Embaralham-se.
8) Instinto Materno, de Calin Peter Netzer
Mais uma prova de que o cinema romeno está entre os melhores do mundo na atualidade. E, de quebra, com a atuação espetacular de Luminita Gheorghiu.
7) Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum, de Ethan e Joel Coen
O músico pouco conhecido dos Coen vaga pelo frio, ao lado de seres estranhos, e com um gato – ou mais – nesse filme magnífico.
6) Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro
A dificuldade de se aproximar – e amar – esse cinema faz pensar na relação com a obra de Weerasethakul. Não à toa, gerou opiniões extremas entre a crítica.
5) Boyhood – Da Infância à Juventude, de Richard Linklater
O cinema como registro da vida, da formação, sem se preocupar com grandes firulas dramáticas, tampouco sendo documentário (no sentido claro do gênero).
4) O Ato de Matar, de Joshua Oppenheimer
A verdade é contata por linhas tortas, estranhas: as atrocidades cometidas no passado, na Indonésia, são revividas nos filmes dentro do filme. Porrada.
3) O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese
O melhor Scorsese desde Os Bons Companheiros. E isso não é pouco. Aqui, ele conta a história de um homem capaz de tudo para enriquecer, enquanto ri até do espectador.
2) Ida, de Pawel Pawlikowski
O fim também leva ao começo: a noviça segue seu caminho, após descobrir algumas coisas da vida nesse extraordinário filme de Pawlikowski.
1) Era Uma Vez em Nova York, de James Gray
Em uma carreira de cinco filmes, James Gray consagrou-se autor. Suas obras abordam relações de estrangeiros na América – ou estrangeiros em seus próprios países, mafiosos, homens da lei. Nelas, os extremos tocam-se. Os maus nem sempre são o que parecem. Pais e filhos têm seus problemas, homens sofrem de amor. É como se o cinema sempre olhasse ao passado, sem medo de se repetir, ao mesmo tempo íntimo e épico.
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Não encontrou seu filme favorito de 2014? Não se preocupe: listas são sempre pessoais e, aos olhos alheios, sempre imperfeitas. Deixe seu recado, com seu filme favorito do ano que acabou de acabar.
ducacete foi SÉTIMO e TRUMAN
, com Ricardo Darín