Diante do universo como um cão acuado, Rossellini se liberta lançando perguntas. Porque talvez já conheça bastante o âmago dos objetos, o detalhe das coisas, a miséria e a bondade das faces humanas – por causa destas verdades que despreza – Rossellini não aproxima a visão, não avança a câmera, despreza o close, abdica do particular pelo geral. É um panteísta às avessas, sempre sobre as ruínas da guerra, a névoa dos infernos italianos, a fumaça dos vulcões ou a poeira arqueológica.
Trecho retirado de O Século do Cinema, de Glauber Rocha (Editora Cosac Naify). Abaixo, Ingrid Bergman com Rossellini.