A Bolha Assassina, de Irvin S. Yeaworth Jr.

Depois de uma ponta especial em Marcado pela Sarjeta e ainda antes de se tornar um astro em Sete Homens e um Destino, Steve McQueen viveu um jovem desesperado em A Bolha Assassina. Como outros filmes de paranoia dos anos 50, há sempre a dificuldade em convencer os outros de que o mal está escondido e ataca às sombras.

O mal é também algo indefinido: ou não tem uma forma aparente, como aqui, ou assume a forma dos outros, como em Vampiros de Almas. Esse mal – o monstro alienígena que faz pensar no comunismo – volta a se infiltrar em uma pacata cidade americana do interior: o local em que os americanos parecem mais americanos.

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É ali, portanto, que está o jovem de McQueen, que não é bem um jovem livre, que ainda tem bons modos com a namorada, que pede desculpas para ela, no começo, e explica que não foi ao mesmo local – perto da mata – com outras meninas.

Nessa América aparentemente pacata, os jovens dão-se bem e não parecem desordeiros como os de Juventude Transviada. As belas meninas não têm o olhar ambíguo de Natalie Wood, ou o jeito desregrado de James Dean. São – apesar do jeito livre – comportados e prontos para combater o mal externo. Indolores e ingênuos.

Naquela mesma noite de beijos, Steve Andrews (McQueen) e a namorada Jane (Aneta Corsaut) esperam por estrelas cadentes. A certa altura, eles veem algo cair do céu. Não é uma simples estrela. Curiosos, seguem ao local da queda. O primeiro contato com o alienígena é feito por um velho senhor, a primeira vítima.

Os jovens levam esse homem ao médico. Aos poucos, o corpo dele é consumido por uma gosma sem forma específica, que se alimenta de outras pessoas: do médico, de sua enfermeira e de um mecânico. Ao fim, o policial dá um saldo de mortos incerto: mais de 50 pessoas teriam sido atacadas pela bolha assassina.

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A bolha, não por acaso, é vermelha. Seu movimento é lento, mas o susto e os ataques fazem com que pareça mais rápida. Não vale tentar entender, nesse filme de Irvin S. Yeaworth Jr., porque os humanos ainda se deixam agarrar. Fala, na verdade, das fragilidades de seu tempo: por mais que se corra, que se lute, há sempre algo vermelho e perigoso a encontrar seu espaço, embrenhar-se, agarrar os inocentes.

É como se o vilão não precisasse ter qualquer forma para penetrar os pequenos espaços dessa vida americana, atravessá-los e causar pânico nas pessoas comuns: garotos em suas sessões à meia-noite, médicos com seus rifles guardados no consultório, policiais que jogam xadrez a distância e famílias que aproveitam seu sono.

Essa pequena cidade americana serve tão bem à ideia de manter intacta a alma de seu povo quanto a pequena vila inglesa invadida por nazistas em 48 Horas, de Alberto Cavalcanti. Não importa o que aconteça, o bem mais valioso àquelas pessoas que lutam com a gosma vermelha deverá ser mantido: o espírito americano.

Nota: ★★★☆☆

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